quarta-feira, outubro 15, 2008

Segundo Round, ou Minha Terra Tem Palmeira

Os últimos instantes do primeiro turno da corrida pela prefeitura da cidade do Rio de Janeiro foram surpreendentes. Só não foram mais surpreendentes do que os primeiros instantes do segundo turno, quando o Gabeira apareceu como concorrente de Eduardo Paes. A eleição carioca é muito interessante: de um lado um candidato historicamente ligado à direita pleiteando a imagem de aglutinador da esquerda progressista, do outro um candidato com uma trajetória fortemente de esquerda em coalizão com o que há de pior do conservadorismo nacional. A conclusão é a seguinte: a campanha foi despolitizada. Não há mais posições ou ideologias políticas e a escolha do candidato passa por outros critérios que não as legendas as quais aparecem ao lado de seu nome. Eis o fim de qualquer ilusão de que a política pode ser levada a sério no Rio de Janeiro. Escolha-se o candidato por características pessoais, porque qualquer caminho público tomado anteriormente pode ser desfeito em uma ridícula carta de desculpas. De fato, não há muito mais o que falar sobre esse assunto. Depois que Vladimir Palmeira (ex-líder estudantil de 68, preso político) resolveu apoiar Eduardo Paes, qualquer resquício de ideologia desceu fundo nas densas águas da nossa Baía de Guanabara. Tudo bem que dentro de uma mente marxista pode parecer inevitável concordar com a posição tomada pelo partido (e não vou perder tempo aqui discutindo o que é o PT do Rio... pelo menos não hoje). Mas, meu querido Vladimir... vai pra casa. A Benedita, o Edson Santos e o Bittar resolveram apoiar o Paes por causa de meia dúzia de cargos no governo do Sérgio Cabral? É compreensível... Mas você, Vladimir, fica em casa. É melhor do que dizer que o Paes é um candidato que tem "história". Menos do que uma traição ao Gabeira (estou falando daquele de 68), é um acinte à nossa inteligência. O que é isso companheiro?

3 comentários:

Anônimo disse...

Eu discordo totalmente com vc quando diz que não há esperanças para a política no Rio já que "a campanha foi despolitizada". Dou graças a deus na despolitização, se caso houver, e se ela significa ideologia política. Mas política não é ideologia. O descompromisso com a ideologia partidária que agrupa talvez siga uma tendência à individualização, o que na minha opinição é ótimo. Os políticos agrupados em um partido político dividem o poder, os cargos públicos, o destino do nosso dinheiro, não uma ideologia.A verdadeira política é individual, está nos atos de cada um de nós. "Todo ato é um ato político". E o ato, simplesmente por ser concreto e não abstrato, já ganha de qualquer ideologia. Acho que chegou a hora de não dividir mais entre esquerda, direita ou seja lá o que for e seu oposto. A única maneira de unificar, democratizar o mundo é entendermos que somos - cada um de nós e individualmente - pessoas políticas, ao mesmo tempo públicas e privadas, capazes de transformarmos tudo ao nosso redor. Se o sistema que vivemos hoje é o melhor e mais democrático (apesar das falhas e das críticas) em que poderíamos estar organizados em sociedade, a escolha do homem ou da mulher a quem daremos o direito de administrar o nosso dinheiro deve estar de acordo com o que acreditamos ser prioridade na nossa comunidade. Eu acredito que o Gabeira, pelo que conheço de sua história, de seus atos políticos,de sua honestidade e caráter, é quem melhor me representaria em qualquer posição. Ele está muito mais próximo do meu ideal de atitude política que, talvez, eu mesma. Por isso acredito nele e espero, sinceramente e romanticamente, que ele ganhe o poder de administrar a minha cidade. Na verdade, nem entendo o que se quer expressar com "esquerda" e "direita". Para mim, ambos os termos significam a disposição de um corpo no espaço em relação a outro, do outro lado. Se a política é dividida em dois lados, seja ele qual for, não funcionará para a humanidade, pois a divisão em dois lados distintos, e não a igualdade, está posta.

Anônimo disse...

Eu concordo e combarbante também...! Vladimir,traidor e oportinista,antes de ir para casa vai à merda! Edu(o "carrerinha"),vai para Barra fungar junto com o Pedro Alvares!(o Cabral) Melhor um maconheiro que um "chincheiro"...!!!

Marcelo Andrade disse...

Ei! Não me entenda mal... Eu sou o primeiro a levantar a bandeira da "personalização" da política. Eu acredito na força do indivíduo para definir o que é melhor para ele e para a comunidade. Mas, veja bem, se for este o caso, é hora de abolir nossa democracia representativa e começar a viver a democracia participativa. Enquanto isso não vem, os partidos vão continuar se pintando de ideologias, mesmo que no fundo só sirvam para que os políticos dividam entre si os cargos e o nosso dinheiro. Concordo com você, só não acho que o fato das ideologias se dissolverem fará com que nossos governos sejam mais éticos. Governo e ética são antagônicos, assim como poder e liberdade. Todo ato é um ato político, certamente. Mas alguma coisa só vai mudar quando nossos atos não se resumirem somente ao voto.
E um último comentário: é uma pena que alguém com um texto tão inteligente e idéias tão claras fique anônima. De qualquer forma, espero que você continue participando por aqui, porque vai colaborar muito para a qualidade do blog.