sexta-feira, outubro 31, 2008

Cowboy Fora-da-lei

Minha última postagem sobre as eleições para prefeito 2008. Uma homenagem ao Gabeira:

Cowboy Fora-da-lei


Composição: Raul Seixas e Claudio Roberto



Mamãe, não quero ser prefeito
Pode ser que eu seja eleito
E alguém pode querer me assassinar
Eu não preciso ler jornais
Mentir sozinho eu sou capaz
Não quero ir de encontro ao azar
Papai não quero provar nada
Eu já servi à Pátria amada
E todo mundo cobra minha luz
Oh, coitado, foi tão cedo
Deus me livre, eu tenho medo
Morrer dependurado numa cruz

Eu não sou besta pra tirar onda de herói
Sou vacinado, eu sou cowboy
Cowboy fora da lei
Durango Kid só existe no gibi
E quem quiser que fique aqui
Entrar pra historia é com vocês!

Se o Vasco cair, acabou...

Ainda estou em estado de choque. O Rio de Janeiro teve a chance de mostrar para o Brasil de que aqui não se faz política com boca-de-urna, campanha suja, panfletos negativos. Era só votar para dizer que a máquina pública não elege ninguém. Na nossa cidade, quem elege o prefeito somos nós. O Rio de Janeiro teve a oportunidade de escolher alguém que fez uma campanha propositiva e não só prometeu melhorar saúde, educação e baixar impostos. Só o fato das ruas não ficarem inundadas de panfletos e cartazes já era o suficiente para acreditar que o Gabeira se importava mais com a cidade do que o Eduardo Paes. Mas se o próprio carioca se importasse com o Rio, não tinha viajado para aproveitar o final de semana prolongado propiciado pelo Cabral. O Rio de Janeiro está abandonado. Abandonado pelo TRE que permite que os candidatos e governantes descumpram as leis eleitorais, atacando o que há de mais valioso nessa pretensa democracia: o processo eletivo. E, principalmente, pelos próprios cariocas, que trocaram um feriado por mais quatro anos. Pegar um solzinho na região dos lagos deve ser mais importante do que cuidar da própria cidade. Não adianta virem publicitários dizerem que a grande votação em Gabeira já foi uma vitória. Não foi. Porque os processos de curral eleitoral, o lanchinho para o eleitor, o populismo tosco conseguiram vencer o sopro verde de renovação política. Em janeiro de 2009, ninguém mais vai lembrar dos sonhos que encheram quase metade dessa cidade de esperança. E mesmo agora, já podemos ver que a maioria dos cariocas joga lixo na rua como se fosse algo natural. A expressiva eleição no Gabeira não mudou a forma de pensar do Rio de Janeiro, coisa que talvez sua eleição fizesse.

PS: Coloco o Rio de Janeiro e o carioca como um coletivo só pois estamos falando aqui de democracia representativa, onde quem se impõe é a maioria simples.

segunda-feira, outubro 20, 2008

Jogo das 7 Letras

Diante da polêmica do analfabeto das 7 letras, lanço o seguinte desafio: será possível escrever uma poesia, utilizando apenas 7 letras? Ou mesmo uma história?
Que comecem os jogos: quem consegue escrever uma história, uma poesia, ou uma música de axé com apenas 7 letras? As letras podem ser repetidas o quanto for necessário, mas o texto precisa ter sentido. Não é uma frase! Afinal, o Paulo Coelho já deu sua declaração defintiva sobre as frases. Não é por acaso que ele é o maior intelectual do Brasil... segundo palavras dele mesmo... ai, ai... Uma frase é uma frase! E o que queremos aqui é uma história, uma poesia ou uma letra de axé! Sem sentenças de auto-ajuda barata copiadas da internet!

quarta-feira, outubro 15, 2008

A árvore, o filho e o livro

Lançado pela 7 Letras, o livro "O Anafalbeto que passou no vestibular" levou-me ontem à uma reflexão profunda... teria o analfabeto, além de passado no vestibular, escrito o livro? E se o fez, teria ele escolhido, ironicamente, a editora 7 letras para lançá-lo? Conheceria o analfabeto mais do que 7 letras e, se o fizesse, seria analfabeto, ou semi-analfabeto? E por último, mas não menos importante: é possível escrever um livro com apenas 7 letras, sendo, ou não analfabeto? São perguntas que apenas a leitura do livro pode responder. Ou seja... perguntas que ficarão sem resposta...

Segundo Round, ou Minha Terra Tem Palmeira

Os últimos instantes do primeiro turno da corrida pela prefeitura da cidade do Rio de Janeiro foram surpreendentes. Só não foram mais surpreendentes do que os primeiros instantes do segundo turno, quando o Gabeira apareceu como concorrente de Eduardo Paes. A eleição carioca é muito interessante: de um lado um candidato historicamente ligado à direita pleiteando a imagem de aglutinador da esquerda progressista, do outro um candidato com uma trajetória fortemente de esquerda em coalizão com o que há de pior do conservadorismo nacional. A conclusão é a seguinte: a campanha foi despolitizada. Não há mais posições ou ideologias políticas e a escolha do candidato passa por outros critérios que não as legendas as quais aparecem ao lado de seu nome. Eis o fim de qualquer ilusão de que a política pode ser levada a sério no Rio de Janeiro. Escolha-se o candidato por características pessoais, porque qualquer caminho público tomado anteriormente pode ser desfeito em uma ridícula carta de desculpas. De fato, não há muito mais o que falar sobre esse assunto. Depois que Vladimir Palmeira (ex-líder estudantil de 68, preso político) resolveu apoiar Eduardo Paes, qualquer resquício de ideologia desceu fundo nas densas águas da nossa Baía de Guanabara. Tudo bem que dentro de uma mente marxista pode parecer inevitável concordar com a posição tomada pelo partido (e não vou perder tempo aqui discutindo o que é o PT do Rio... pelo menos não hoje). Mas, meu querido Vladimir... vai pra casa. A Benedita, o Edson Santos e o Bittar resolveram apoiar o Paes por causa de meia dúzia de cargos no governo do Sérgio Cabral? É compreensível... Mas você, Vladimir, fica em casa. É melhor do que dizer que o Paes é um candidato que tem "história". Menos do que uma traição ao Gabeira (estou falando daquele de 68), é um acinte à nossa inteligência. O que é isso companheiro?