sexta-feira, março 28, 2008

Eleições 2008 - Primeira análise

Assumindo essa minha onda de postagens com teor político, farei a primeira análise das eleições municipais de 2008. Embora as candidaturas não estejam fechadas, já podemos ter uma idéia da quantidade de bizarrices que vêm por aí.

Ontem, Sérgio Cabral anunciou o apoio ao candidato do PT, Alessandro Molon. Anunciou assim mesmo. Sem avisar ninguém. Nem o próprio candidato que disse ter ficado sabendo do apoio através da imprensa. A partir desta sólida aliança, Cabral conseguiu manter sua posição de capacho do Lula (situação que o mantém com boa popularidade, apesar da sua ineficiência administrativa), isolou o moleque Anthony Garotinho e deixou o Bispo Crivella de cabelo em pé. Dentro de todas as surpresas causadas pela movimentação de Cabral, uma me chamou atenção em particular: parece que pela primeira vez o PT com a intenção de ganhar na capital do RJ. O Rio de Janeiro, ao menos nesta eleição, deverá deixar de ser moeda de troca do diretório nacional do partido. Juntando Cabral e Lula em torno de um candidato, relegando Crivella à segundo palanque, o PT parece estar apostando alto em Molon.

O candidato da Igreja Universal tremeu nas bases. A única característica que o desvincula do fanatismo religioso é a base dada por Lula. E ela acabou de romper sua primeira rachadura. É surpreendente que, no Rio de Janeiro, a declaração pejorativa referente a Gabeira não cause imediata repulsa pelo bispo. "Gabeira defende homem com homem e a maconha." Eis o nível da campanha que começava a ser desenhado. A entrada de Molon se tem algo de positivo, talvez esteja na necessidade de se elevar este nível, a despeito do apoio de Don Picciani. Crivella é um candidato homofóbico. Independente de religião, a intolerância precisa contar como algo negativo na carreira de um político!

Gabeira é o candidato folclórico. Fez uma coligação esdrúxula (PV-PSDB-PPS), onde o único partido possuidor de uma ideologia é o dos tucanos. Isto caracteriza a candidatura de Gabeira como um voto na direita. Esdrúxulo! A esquerda festiva resolveu desfilar de tanguinha nos posto 9... de novo. Conta a seu favor, a força de sua figura. O Gabeira é aquela coisa engraçada que a gente gosta de ver na TV. É uma pessoa que teve a trajetória histórica transformada em ícone pop. Isto acaba superando o caráter conservador de sua chapa. Quem votar no Gabeira, vai votar em sua figura, esquecendo o que está por trás da campanha. O Gabeira é o Macaco Tião de 2008.

O atual prefeito está vendo que a candidatura de Solange Amaral não vai decolar. Rolam boatos que seria substituída por Ronaldo Cezar Coelho que possui duas vantagens em relação a ela: possui Cezar no nome (apesar do Z) e, graças ao irmão, possui um pequeno conhecimento sobre as regras do futebol.

Por falar em futebol, na ponta esquerda corre Chico Alencar. Político respeitável, até filiar-se ao eleitoreiro PSOL. Ok. Todos os partidos são eleitoreiros, mas o PSOL finge que não é, finge que nasceu da desilusão com o PT. Pessoalmente, Chico está atirado para tudo que é lado. Em uma declaração recente detonou o ex-aliado Molon. Nada mais eleitoreiro, visto que eles disputam o mesmo tipo de voto.

O PC do B vai insistir com Jandira. Ainda sem escova progressiva e com pouca credibilidade. Foi apontada pelas pesquisas como o candidato de maior potencial do PC do B no Brasil... pra você ver como eles andam mal das pernas.

Há ainda o candidato do PDT, Paulo Ramos. Mas, convenhamos: quem é Paulo Ramos? Mais um candidato do PDT só pra cumprir tabela.

Muita coisa ainda pode mudar. As convenções dos partidos ainda precisam confirmar as candidaturas, mas tudo indica que teremos uma eleição com os votos bastante divididos. Eu não abro mão: voto no Raul Seixas, assim que ele mudar seu domicílio eleitoral para o Rio. Enquanto isso não acontece, voto no mosquito da dengue. Afinal, é ele que está mandando por aqui mesmo.

3 comentários:

Lívia disse...

Ano de eleição pra prefeito é deprimente no Rio de Janeiro... melhor, no Rio sempre é deprimente, seja pra prefeito, governador, vereador, o que seja. Parece casting de filme de terror B!

Aí depois temos que aguentar a população pseudo-rebelde no Globo online reclamando do poder público.

Ainda bem que temos essa natureza maravilhosa, porque o Rio é uma vergonha.

Anônimo disse...

amigo, gostei de suas reflexões. em tempo, entrarei no debate que vc propõe.
abrc's.
s.

Karla Rodrigues disse...

Por que falamos de política?
E mais ainda política no Rio?

Vcs viram o papel higiênico literário que uma empresa espanhola lançou?